Além das Cortinas: Capítulo 15

 

Título: Além das Cortinas

Gênero: Drama

Classificação indicativa: 14 anos 

Sinopse: Luísa Hartley, uma atriz célebre por seus papéis em filmes infantis, vê sua carreira e identidade sendo desmanteladas quando é repentinamente demitida do estúdio que a consagrou por décadas. Encarando a cruel realidade de ser considerada "velha demais" para os papéis que sempre desempenhou, ela se depara com um novo mundo de incertezas e desafios.

Victoria: Cecília. Podemos conversar?

Cecília (ainda digitando): Você já está falando. Aproveita.

Victoria: Você cancelou meu projeto. A série de Underground 2!
Um erro, claro. Mas... ainda dá tempo de reverter!
Esse papel era importante. Pra mim e pro estúdio.

Cecília (para de digitar, finalmente olha pra ela, fria e calculista) :Seu projeto?
Não. Era um projeto ruim com uma atriz instável e um diretor acomodado.
Eu cortei porque cheira a fracasso. E o fracasso não me interessa.

Victoria: Fracasso? Eu tenho mais seguidores que metade do elenco fixo da Dias!
Meu nome vende ingresso.

Cecília: (ri, debochada): Seu nome vende revista de fofoca. Faz tempo que você não entrega uma performance memorável. Mas claro, você se acha o centro do universo, até quando tá na plateia.

Victoria: Se isso é pessoal, fala logo. Você se sente ameaçada por mim?
Porque... bom, eu entendo. Você tem o poder agora, mas eu ainda sou o rosto que as pessoas reconhecem.

Cecília: Victoria... Você é bonita. Tem carisma. Mas não é especial. Não pra mim.

(Victoria pisca, pega o subtexto — e o orgulho é ferido de forma cortante.)

Victoria: Você vai se arrepender de me cortar. Eu sempre volto. Mais forte. Mais visível.

Cecília (fria, firme): Se voltar, volte com talento. Porque só ego... eu já tenho o suficiente aqui.

Victoria: Você acha que pode me rebaixar com frases de efeito? Eu já vi diretores caírem por falar menos. Você pode estar com a caneta agora, Cecília, mas isso é Del Sol Valley. Nada é pra sempre.

Cecília: E você acabou de provar por que eu não devia ter te recebido.

Victoria Você precisa de mim mais do que quer admitir! Não é à toa que esse estúdio virou piada desde que você sentou nessa cadeira.

Cecília: Muito bem. Você quer deixar claro que não sabe a hora de parar? Então deixa que eu resolvo isso.

(Ela pega o celular e digita rapidamente. Victoria assiste, confusa.)

Victoria: O que você está fazendo?

Cecília: Notificando o RH que seu contrato de exclusividade foi encerrado. Efetivo agora.

Victoria: Você tá me demitindo?

Cecília: Estou te libertando, Victoria. Pra fazer o que quiser, onde quiser.
Exceto aqui. Enquanto eu for a CEO, aqui você não pisa mais.

Victoria: Você vai arcar com a multa rescisória, é isso?

Cecília: Claro. A multa é troco de estacionamento perto do que você me faria perder em credibilidade mantendo seu nome atrelado ao estúdio.

Victoria: Você vai se arrepender disso.

Cecília: Eu não suporto quem não sabe o próprio lugar! Vou me arrepender? Talvez. Mas pelo menos terei paz no set. E uma sala sem ataques de estrelismo.

Nota: Essa é a mesma Cecília que aparece em Entre Mundos, a Aparencia dela foi refeita porque não tenho mais os CPs dela e a aparencia antiga não combinaria com a estetica dessa história. Esse capítulo se passa Durante o capítulo 6 de Entre Mundos 

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06:30 DA MANHÃ – MANSÃO DE LUÍSA

Luísa: Então, além de namorado, agora você também é meu travesseiro pessoal?

Lucas: Se for pra ter você assim todas as manhãs, aceito o título.

Luísa (flertando): Poderia se vestir de azul e carregar um escudo também, só pra completar o visual.

Lucas: Quer que eu comece a sair por aí surrando alemães agora?

Luísa: Depende. Você ficaria bem com um uniforme colado?

Lucas (sarcástico): Se for pra te impressionar, posso considerar.

Luísa: (quase casual): O que acha de um encontro mais tarde? Tem uma cafeteria nova chamada na cidade. Dizem que o café deles é ótimo.

Lucas:Te pego as oito então. Com ou sem uniforme colado?

Luísa: Surpreenda-me.

Lucas: Hora de voltar à vida real.

Luísa: Infelizmente.

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Victoria(sarcástica): Ora, ora, se não é Luísa Hartley. Não me diga que veio tentar um papel coadjuvante de novo?

Luísa (sem paciência): E você? Deixando a sua síndrome de protagonista te arrastar pra mais um papel que não combina com você?

Victoria: Acho que todos aqui sabem que nasci para interpretar Nancy Landgraab. Classe, influência, poder… Está no meu sangue.

Luísa(sorrindo irônica): Sim, claro. E pela mesma lógica, eu diria que você combina mais com Vita Alto. Manipuladora, egocêntrica, e sempre se achando melhor que os outros.

Victoria: Engraçado. Sempre achei que você combinaria mais com uma das criadas da mansão Landgraab. Mas acho que querem um pouco mais de presença de cena para isso.

Luísa: Você realmente se supera. Está tão desesperada por esse papel que já começou a ensaiar as falas da vilã?

Victoria: Boa sorte no teste, Luísa. Não que vá precisar.

Victoria (voz elevada, indignada): Como assim "não me encaixo nesse projeto"? Eu sou perfeita para esse papel!

Diretor (paciente): Victoria, sua presença de cena é forte, mas estamos buscando um tom mais documental, menos teatral. Queremos alguém que passe autenticidade, não uma rainha do drama.

Victoria (venenosa): Então, vocês querem alguém… entediante.

Diretor(sério): Queremos alguém que pareça real.

Luísa (sarcástica): Ué, Victoria… já acabou o teste?

Victoria (sorriso falso): Isso aqui não é do meu nível. Espero que você se divirta com essa produção medíocre.

Luísa (para si mesma, murmurando): Bom… parece que o dia começou bem.

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Manuel: Flávia? Ao vivo você é mais bonita que no app.

Flávia: Obrigada. E você é… bem floral

Dois goles depois, Manuel apontou o palco.

Manuel:  Bora um dueto pra quebrar o gelo?

Ela assentiu. Cantava desde adolescente, afinada por natureza e persistência de quem treina na academia ouvindo playlists com vocalizações. Escolheu Bonnie Tyler - Holding Out For A Hero. A introdução começou, e assim que Manuel abriu a boca… a voz de taquara rachada cortou o salão. Não era falta de vontade: ele cantava com entrega, olhos semicerrados, mão no peito. Mas cada nota saía pela tangente, como se o microfone estivesse programado para desafinar por ele.

Manuel: Se você dançar, eu canto melhor.

Flávia: A dança eu garanto

Manuel:  Você trabalha com o quê, mesmo? Flávia: ele perguntou.

Flávia: Fisioterapia. Amanhã cedo tenho um senhor com prótese de joelho. Se eu aparecer de ressaca, ele me dá bronca e com razão

Manuel:  Poxa, que responsabilidade. Eu trabalho em uma loja. Monta stand, fala com gente, resolve pepino… Por isso gosto de cantar. Libera estresse.

Flávia: Eu percebi... Mas olha, a afinação dá pra trabalhar. Igual postura, ninguém nasce pronto.

Manuel:   Você sabe… a gente podia continuar essa noite lá na sua casa. Tenho uma playlist incrível, dá pra ouvir música, relaxar…

Flávia: Manuel, você parece um cara legal. Mas eu não faço obaoba no primeiro encontro. E, sinceramente, esse tipo de convite soa exatamente como isso.

Manuel: Não, claro, eu não quis dizer nada assim… só… música, conversar…

Flávia: Conversar a gente já está fazendo aqui. E está bom assim.

 

Luísa: Olha só, um agente federal todo misterioso me esperando numa cafeteria charmosa... Isso quase parece uma cena de filme.

Lucas(sorrindo): E se for? Talvez você tenha sido escalada para um papel e nem percebeu ainda.

Luísa: Bom, eu acabei de ser escalada, mas para interpretar a Nancy Landgraab.

Lucas (surpreso): Sério? Isso é grande. Parabéns. Mas espera… Landgraab… isso significa que você vai usar aqueles terninhos chiques e olhar as pessoas como se fosse dona do mundo?

Luísa: Exatamente. E Finalmente vou provar pra meu ex-chefe que não sou só uma Kelly Sheridan.

Lucas: Isso eu não duvido. Sempre soube que você tinha jeito para interpretar uma mulher poderosa.

Luísa: Eu sou uma mulher poderosa. Você que tem sorte de estar comigo.

Lucas: Ah, mas isso eu já sei. Só espero que sua Nancy Landgraab não tenha um namorado tão irresistível quanto eu no documentário.

Luísa: Isso ia ser difícil. Mas quem sabe eles não fazem um spin-off só para você?

Lucas: Se for para contracenar com você, eu aceito.

Luísa: Falando em contracenar… Adivinha quem também apareceu no estúdio hoje?

Lucas:  Pelo seu tom, aposto que alguém irritante.

Luísa: Victoria Sterling.

Lucas (piscando): Aquela que vive saindo em fofoca porque faz drama em todo set?

Luísa: Ela mesma.

Lucas: Deixa adivinhar… tentou pegar o papel de Nancy?

Luísa: Óbvio. Mas mandaram ela embora antes de terminar o teste.

Lucas (rindo): Isso deve ter sido divertido de assistir.

Luísa: Foi. Mas a melhor parte foi ver a cara dela quando saiu da sala irritada.

Lucas: E eu achando que você era uma atriz profissional… mas no fundo, gosta de um bom drama na vida real também.

Luísa:Não é drama quando a outra pessoa merece.

Lucas: Isso significa que, se um dia eu te irritar, você vai olhar para mim com aquele mesmo desprezo?

Luísa: Talvez. Ou talvez eu só te deixe sem resposta e finja que você não existe.

Lucas: Cruel… e extremamente sexy. Agora eu entendo porque dizem que as atrizes têm o poder de seduzir qualquer um. Você não faz esforço nenhum e ainda assim me deixa completamente rendido.

Luísa: E eu achando que você já estava rendido desde que nos conhecemos.

Lucas: Talvez eu estivesse. Mas agora, não há mais volta.

Luísa: Bom. Porque eu também não quero que tenha.

Lucas: Isso tudo é culpa sua, sabia? Você me seduziu primeiro.

Luísa: Eu? Por favor. Você que apareceu com essa cara de agente secreto, esse jeito misterioso e ainda por cima com um físico de lutador de WWE. Como se eu tivesse chance de resistir.

Lucas: Então você admite que eu sou irresistível?

Luísa: Eu admito que você facilita muito as coisas pra mim.

Lucas: Facilito? Você tem noção do quanto é difícil para um homem manter o controle quando tem uma mulher como você por perto?

Luísa: Bom saber que te deixo sem controle.

Lucas: Sempre. Principalmente quando você olha pra mim desse jeito.

Luísa: Desse jeito como?

Lucas: Como se soubesse exatamente o que está fazendo comigo.

Luísa: Porque eu sei.

Lucas (sorrindo) Cruel e sexy. Já falei isso hoje?

Luísa: Falou, mas eu nunca me canso de ouvir.

Lucas: Ótimo, porque eu nunca me canso de repetir.

Lucas: Antes de irmos… Tem uma coisa que eu preciso te pedir.

Luísa: Diga.

Lucas: Evita falar sobre minha verdadeira profissão em público.

Luísa(com um olhar divertido): E perder a chance de sair por aí dizendo que namoro um agente federal disfarçado?

Lucas (rindo): Exatamente.

Luísa: Ok, ok. Vou manter segredo. Mas só porque quero evitar que alguma fã louca apareça pra te sequestrar.

Lucas: Se for pra ser sequestrado por alguém, espero que seja só por você.

Luísa: Cuidado com o que deseja.

Lucas: Desde que você esteja envolvida, eu não me importo.

Luísa: Então, agente secreto, essa foi a nossa missão secreta da noite?

Lucas: Talvez… Mas ainda falta uma coisa.

Antes que Luísa pudesse perguntar o quê, Lucas a puxou pela cintura e a beijou com intensidade. O gesto foi tão repentino que ela sequer teve tempo de reagir ou melhor, teria feito alguma coisa se não tivesse ficado completamente sem fôlego. O calor do beijo percorreu seu corpo inteiro, e qualquer pensamento racional desapareceu no instante em que os lábios dele tomaram os seus. As mãos dela, que estavam prestes a empurrá-lo, acabaram deslizando até os ombros largos de Lucas. Ele aprofundou o beijo com uma confiança desconcertante, e Luísa, em vez de se afastar, cedeu. Quando finalmente se separaram, Lucas a observou com um sorriso satisfeito.

Lucas: Não me diga que você não gostou.

Luísa: Você tem sorte que eu fiquei sem fôlego, senão…

Lucas: Senão o quê?

Luísa: Senão eu fingiria que não adorei.

Lucas: Então, vamos considerar isso um bom hábito daqui pra frente.

Luísa revirou os olhos, ainda sorrindo.

Luísa: Desde que você não me surpreenda assim quando eu estiver segurando um café quente, podemos negociar.

Lucas: Fechado.

Continua...